quinta-feira, 19 de março de 2009
*-* Fim *-* "E assim aconteceu Como já era esperado Iniciou e se perdeu No passado indesejado O seu desejo já é mentira O coração, gelou de novo A poça que no chão havia Tornou-se sangue ao olhar turvo Suas mãos tremem, a boca seca E se recusa a falar mais Diz "esqueça tudo, nos esqueça, O que passou ficou pra trás" E enfim, nesse deserto imenso Seus pés afundam e falta o ar Morre aos poucos, some o senso Dos sentidos volta a paz Ela sabe que não adianta Chorar, bater, correr, gritar Levanta os olhos e ergue a manta Que cobre todo o seu falhar Já não lhe importa o que passou Arrependimento não existe Amor, talvez, mas contornou A vergonha de ver-se triste Enxuga o rosto, sobe a fronte Sorri para os que estão do lado Ao derrotado espera a morte E a ela cabe o fardo"
Raro
"O mais belo poema de amor
Que nunca sequer foi escrito
Ressoa na alma com ardor
Ignorando razão e sentido
Perde-se a fome de dor
E a gula de um perdoar
Que seja o que não se for
Realidade é imaginar
Os pedidos ditos no silêncio
Precisam, então, se ocultar
Dos olhos famintos e intensos
Que teimam em retornar
Que besta é essa que assombra
O objeto, amado e amante
E pede sempre que se esconda
Ao menos por um ínfimo instante?
Que carcereiro é esse, o amor
Que a morte trouxe de longe
Do jardim que criou sem flor
Cultivado talhado em bronze?
Pobre do querido medonho
Que chorou lendo isto, e chora
Pois são linhas em que exponho
A maldita vontade que o explora
De beijos, em sonhos, apenas
Sentiria o gosto de cinzas
E nem mesmo palavras amenas
Libertariam lágrimas contidas
Feridas em toda a palma
Ardendo, sangrando, matando
Por bater nos vidros das salas
Fugindo do friorento remanso
Essa fera cega e ferida
Que some na noite, caçadora
Almejando carne, faminta
Vagando, eterna perdedora
E nem mesmo além do mar
Onde o céu já se perdeu em ilusão
Evaporam-se os amores, no ar
Quando não passamos de alucinação
Ninguém se dá conta no mundo
De versos dignos do paraíso
Se todos voltamos para o fundo
Não há de haver verso de amor preciso"
Depois de tempos, quem sabe eu volte?
Ou quem sabe não.
"O mais belo poema de amor Que nunca sequer foi escrito Ressoa na alma com ardor Ignorando razão e sentido Perde-se a fome de dor E a gula de um perdoar Que seja o que não se for Realidade é imaginar Os pedidos ditos no silêncio Precisam, então, se ocultar Dos olhos famintos e intensos Que teimam em retornar Que besta é essa que assombra O objeto, amado e amante E pede sempre que se esconda Ao menos por um ínfimo instante? Que carcereiro é esse, o amor Que a morte trouxe de longe Do jardim que criou sem flor Cultivado talhado em bronze? Pobre do querido medonho Que chorou lendo isto, e chora Pois são linhas em que exponho A maldita vontade que o explora De beijos, em sonhos, apenas Sentiria o gosto de cinzas E nem mesmo palavras amenas Libertariam lágrimas contidas Feridas em toda a palma Ardendo, sangrando, matando Por bater nos vidros das salas Fugindo do friorento remanso Essa fera cega e ferida Que some na noite, caçadora Almejando carne, faminta Vagando, eterna perdedora E nem mesmo além do mar Onde o céu já se perdeu em ilusão Evaporam-se os amores, no ar Quando não passamos de alucinação Ninguém se dá conta no mundo De versos dignos do paraíso Se todos voltamos para o fundo Não há de haver verso de amor preciso" Depois de tempos, quem sabe eu volte? Ou quem sabe não.
A rua dos cataventos....
Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.
Hoje, dos meu cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de Vela amarelada,
Como único bem que me ficou.
Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!
Pois dessa mão avaramente adunca
Não haverão de arracar a luz sagrada!
Aves da noite! Asas do horror! Voejai!
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz de um morto não se apaga nunca!
Mario quintana